Entrevista com David Wang
Avante - Por que a escolha de New York como tema para sua nova série
de quadros?
Avante - Como se alcança
essa precisão quase fotográfica de suas pinturas?
David - Na pintura existe o realismo, o hiper-realismo, e o
realismo moderno. Eu não me consideraria um realista, nem um hiper-realista.
Tento expor em minhas telas o que enxergamos, então nem sempre, precisa ser
algo minucioso. Nós vemos manchas, luzes, cores, espaços. Isso é uma
interpretação da maneira como enxergamos. Costumo dizer que minhas pinturas são
irracionais. Executando a obra, eu não vejo nada como figura. Faço enxertos
como luz, sombra e cores. E é por isso que é irracional, por causar uma sensação.
O pintor sempre tem seus truques, e precisa usá-los bem para fazer o espectador
enxergar o que o pintor quer. Meus quadros, então, são vários efeitos ópticos,
que aparentam ser de verdade, mas, não foram feitos com a intensão de ser um
hiper-realismo.
David - Hoje, o mundo caminha para a visão abstrata das coisas,
pois, após a máquina fotográfica, o mundo da arte mudou e se direcionou,
também, para esse lado de efeitos visuais. Eu, já fui várias vezes, instigado a
fazer obras abstratas. Porém, o verdadeiro abstrato é quando o artista entende
muito bem do figurativo e começa a abstrair dentro da figura. E digo que ainda
não cheguei no tempo. Mas sempre estou fazendo alguns ensaios dentro da minha
pintura, algo do relativo ao abstrativo. Com o avanço da tecnologia, nós
conseguimos um grande aprimoramento destes efeitos. A fotografia difundiu
tanto, que todos, até crianças, tem acesso à máquinas digitais, e isso auxiliou
a aproximar o meu trabalho a visão jovem, se eu pintasse há 40 anos, minhas
pinturas seriam criticadas como algo artificial, pois é um subproduto da visão.
Nossos olhos não enxergam, realmente, o rastro dos faróis do carro. Mas, com o
auxílio da máquina, podemos convencer o espectador de que aquilo é real.
Avante - Quais são suas inspirações?
David - Quando eu era pequeno, eu tinha vários ídolos. Como os
impressionistas, na minha adolescência. Daí eu percebi que eles estavam fazendo
tudo tordo – risos –. Então, parti para os clássicos, e notei que eram muito
toscos. Vindo então, aos neoclássicos, que tecnicamente falando, pode-se dizer
que são os melhores da história da arte.
Como
inspiração, levo também a necessidade de expressar emoção, variável aos
momentos, influenciando na produção.
Avante - Há alguns desenhos, como aquele feito no Workshop sobre
as profissões no colégio Universitário, que os executa espontaneamente, após o término
desses, você faz alguma alteração?
David - No processo de produção existe o começo meio e fim.
Então, antes de começar um trabalho, tenho um projeto, um planejamento, e
depois vem a execução e a finalização. Quando se termina, o quadro tem que estar
pronto. O artista pode acabar todos os processos, não se sentir satisfeito e
refazer todos, mas não existe o “retoque”. A espontaneidade do quadro, nós
artistas, chamamos de Atmosfera. É a velocidade, a força que se aplica a tinta
na tela, manchas deixadas pelo carvão, traços despojados, como se fosse o ritmo
da música. O mais importante do quadro, além da técnica, é a Atmosfera. Tem
muita gente que pinta muito bem, senhores que executam perfeitamente,
minuciosos e pacientes. Mas falta-los a Atmosfera.
Avante - Gostaria de acrescentar mais alguma coisa?
Gustavo Minho
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