Uma vez me disseram que a vida
era constituída por pedaços, pequenos pedaços. Mas eu não acho que isso seja
verdade, acredito que a vida seja contínua, linear. Não que partes do passado
não possam construir o futuro, porém não o determinam diretamente. Não há
possibilidades para retornar. O que está feito, feito, e o que não, não feito.
Simples lógica vital. Não bastasse isso, o cotidiano, apesar de tentar
permanecer em algo como um igual todos os dias, não é capaz de conter as
mudanças inesperadas que insistem em romper com planejamentos há tanto tempo
previstos. Desta forma, auxiliando a moldar uma nova realidade de vida para o
individuo. Não há como se desligar em alguns momentos de sua vida, nem mesmo se
tornar algo completamente diferença sem uma transição. Não há partes ou
pedaços, apenas uma reta bem longa e distante, pelo menos para os mais
afortunados. A fotógrafa Ana Carolina retrata na exposição “Identidade” essa trajetória.
Nessa obra somos expostos a linhas mais profundas do tempo, ao peso do relógio
e ao saudosismo do ontem. Em suas fotos, Ana recompõe a ambientação de antigas
fotografias, mesmas roupas e cenários, algumas delas chegam a datar mais de 60
anos.
Gustavo Minho
Nenhum comentário:
Postar um comentário