sábado, 31 de agosto de 2013

Ventura Cinematográfica


Amour - Michael Haneke

 

 


















Devo dizer que pelos comentários e críticas anteriores fui condicionado a  esperar um filme de tristeza explícita ou um derradeiro de lágrimas azuis. Entretanto,  deparei-me com um longa em que a tristeza perdura de maneira equivalente durante toda a trama, não que seja apenas um leve sentimento discreto, ela está presente, é real e pesada, podemos até sentir seu cheiro, e de tão concreta, nos acostumamos com sua presença, assim como nos acostumamos com mágoas do passado. Assim é o filme “Amour”, dirigido por Michael Haneke, e co-estrelado por Jean-Louis Trintignant e  Emmanuelle Riva, um casal de idosos com mais de 80 anos.

Eles viviam confortavelmente como um  casal de aposentados - foram grandes professores de música erudita – na França, até que em Anne, interpretada incrivelmente por Riva, sofre um acidente, o qual a debilita muito. Então seu marido Georges (Trintignant), contrata uma enfermeira para auxiliar no tratamento, neste momento o descuido com os idosos ganha enfoque, e somos expostos a cenas emudecedoras e chocantes. Ao mesmo tempo, o filme retrata a situação do cúmplice que fica a aguardar melhoras ou a morte, em uma angustia permanente e aguda.

Era de se esperar pela temática que o filme fosse mais calmo e sutil na sequência de cenas, e é isso que ocorre. Longos períodos de silêncio, ora poéticos ora desconfortáveis, além da intensa crueza na abordagem da história. São esses fatores que embelezam o filme e aumentam o incômodo pungente que o espectador sente ao assisti-lo, e conduzem de maneira mais verossímil a história do casal.  Durante todo o enredo somos apresentados à forma mais crua e real do amor, caem-se as ilusões bobas para encararmos a face desse sentimento tão polêmico.

Apesar da imensa repercussão midiática, devido ao grande número de prêmios(importantes) que ele ganhou - Palma de Ouro, Oscar de melhor filme estrangeiro, César de melhor filme, César de melhor atriz, César de melhor realizador, César de melhor ator, Prémio do Cinema Europeu de melhor filme, BAFTA de Melhor Atriz, Prémio do Cinema Europeu de melhor ator, Prémio do Cinema Europeu de melhor atriz, Prémio do Cinema Europeu de melhor realizador – tentei assistir ao filme sem expectativas, mas creio que não fui eficaz em minha tarefa, no entanto, isso não interferiu que pudesse perceber a real qualidade da obra. “Amour” é definitivamente excepcional.
                                                     Gustavo Minho

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