Desaba(fo)
Existia esta garota, uma garota não tanto como outras... de cabelos longos e loiros, com silhueta fina e pequena. Gostava de dançar, sabe? Acho que fez balé quando criança, mas se tornou despesa em alguma das crises dos pais. Porém, isso não importa mais, seu caminhar era a pura arte dançante. Ah, como balançava aquela cintura em cada pisar, tenho certeza que no final de seus passos ela demorava um pouquinho mais nas pontas dos pés apenas para sentir o ar das bailarinas.
Ela também era brava, brava e miúda. Sabia discutir como gente grande, mas nunca passava disso, não podia sair de sua pose clássica! Ah! Mas só Deus sabe quanto ela segurava aquele corpinho franzino para não choverem tapas e puxões por ai.
Era mais um dia dançante em sua vida musical, quando voltava de sua escola extremamente enfadonha e lotada de narizes e cabelos que apontavam para o chão, percorria aquelas calçadas com seus passos sinuosos e ritmados com toda pompa e elegância. Mas a pobrezinha, oh, coitadinha, atravessou a rua sem olhar com seus olhos atentos e curiosos para os dois lados... E girou, rodou alto como em seus maiores sonhos de bailarinas, que dominavam os céus com seus pulos e voltas. Parecia que ela nunca ia cair, rodou por mais um tempo para enfim ruir. Mas sua queda não fora tão graciosa como a de outras garotas, caiu meio torta, meio vermelha, meio morta.
Gustavo Minho
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