Heróis
Eu abro os olhos e me vejo em um lugar grande, como um salão
desses de se fazer show. Tinha música, tinha alegria e energia, tinha amor
sincero e revolta, tinha capacidade de controlar uma multidão com um grito
apenas e essa mesma capacidade com apenas uma poesia.
Estava em um submundo, perto da perfeição do que é
imperfeito nesse mundo. Haviam lá pessoas conhecidas, parecia uma festa, ou uma
aula, onde um aprendia com o outro. São super heróis - disse um dos que
contemplavam o show, logo ao meu lado - eu não conseguia enxergar quem eram,
uma fumaça branquinha como a neve inundava o lugar, mas de longe notava-se que
não existiam capas de heróis ou as cuecas sobre calças. Como seria possível
serem super heróis então?
Me aproximei dos ditos heróis. De início não entendí o que
via. Esfreguei os olhos, coloquei meus óculos e ví, nitidamente, reúnidos e
conversando entre sí, três rapazes de preto.
Um loiro, olhos claros como um lago puro. Ele não parava em
um só lugar, fazia piadas e brincadeiras de criança. Sentava-se em frente à uma
bateria.
O, outro alto, magro que falava coisas engraçadas, tinha em
suas mãos um baixo.
O outro, de cabelos pretos como a escuridão da noite que nos
dá inspiração para a poesia. Olhos verdes como uma joaninha, e sorriso de
menino. Continha uma guitarra.
Havia também uma mesa central, pequena. Nela notei, uma
garrafa de wisky, um copo logo ao lado, metade vazio, e uma folha e caneta,
onde não conseguia ver o que tinha escrito. Sentado à mesa, havia um velhinho
simpático, que recitava poesia em meio aos jovens atentos e eufóricos. Eles
pareciam estar brincando de algo, ou debatendo alguma coisa, na qual eu não
podia ouvir bem o que era.
Os jovens compunham uma banda, reparei. Tocavam rock, suas
letras falavam em um tom de protesto, indignação e também de amor. Comandavam
uma legião de fãs incrivelmente!
O velhinho, que não parava de falar de amor, mulheres e
wisky era um poeta, no papel haviam poemas. Ao seu lado, depois puder ver,
havia um outro jovem, de cabelos longos e negros, e bigode. Ele segurava um
violão, e o protegia como quem segura o próprio filho bebê.
Meus olhos se encheram de lágrimas!
Alí reunidos estavam os heróis da minha história. Alí
estavam Billie Joe, Tre Cool e Mike Dirt, o GREEN DAY. E o poeta do wisky era
Vinícius de Moraes juntamente com Toquinho.
Eu queria tocá-los, mas meus dedos não os alcançavam. Queria
falar, mas minha voz emudeceu. Como seria possível? Teria Vinícius voltado à
essa vida ou Green Day retornado ao passado? E Toquinho, voltado a ser jovem?
Eles começaram a falar com a voz da alma, começaram a fazer
música. O som era algo estranho, nunca ouvido, por mim. Eram batidas
conhecidas. Era Rock com Bossa Nova! Era incrível.
(continua)
Katiuscia Mizokami
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