quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Contexto

Heróis

Eu abro os olhos e me vejo em um lugar grande, como um salão desses de se fazer show. Tinha música, tinha alegria e energia, tinha amor sincero e revolta, tinha capacidade de controlar uma multidão com um grito apenas e essa mesma capacidade com apenas uma poesia.

Estava em um submundo, perto da perfeição do que é imperfeito nesse mundo. Haviam lá pessoas conhecidas, parecia uma festa, ou uma aula, onde um aprendia com o outro. São super heróis - disse um dos que contemplavam o show, logo ao meu lado - eu não conseguia enxergar quem eram, uma fumaça branquinha como a neve inundava o lugar, mas de longe notava-se que não existiam capas de heróis ou as cuecas sobre calças. Como seria possível serem super heróis então?

Me aproximei dos ditos heróis. De início não entendí o que via. Esfreguei os olhos, coloquei meus óculos e ví, nitidamente, reúnidos e conversando entre sí, três rapazes de preto.
Um loiro, olhos claros como um lago puro. Ele não parava em um só lugar, fazia piadas e brincadeiras de criança. Sentava-se em frente à uma bateria.
O, outro alto, magro que falava coisas engraçadas, tinha em suas mãos um baixo.
O outro, de cabelos pretos como a escuridão da noite que nos dá inspiração para a poesia. Olhos verdes como uma joaninha, e sorriso de menino. Continha uma guitarra.

Havia também uma mesa central, pequena. Nela notei, uma garrafa de wisky, um copo logo ao lado, metade vazio, e uma folha e caneta, onde não conseguia ver o que tinha escrito. Sentado à mesa, havia um velhinho simpático, que recitava poesia em meio aos jovens atentos e eufóricos. Eles pareciam estar brincando de algo, ou debatendo alguma coisa, na qual eu não podia ouvir bem o que era.

Os jovens compunham uma banda, reparei. Tocavam rock, suas letras falavam em um tom de protesto, indignação e também de amor. Comandavam uma legião de fãs incrivelmente!
O velhinho, que não parava de falar de amor, mulheres e wisky era um poeta, no papel haviam poemas. Ao seu lado, depois puder ver, havia um outro jovem, de cabelos longos e negros, e bigode. Ele segurava um violão, e o protegia como quem segura o próprio filho bebê.

Meus olhos se encheram de lágrimas!
Alí reunidos estavam os heróis da minha história. Alí estavam Billie Joe, Tre Cool e Mike Dirt, o GREEN DAY. E o poeta do wisky era Vinícius de Moraes juntamente com Toquinho.
Eu queria tocá-los, mas meus dedos não os alcançavam. Queria falar, mas minha voz emudeceu. Como seria possível? Teria Vinícius voltado à essa vida ou Green Day retornado ao passado? E Toquinho, voltado a ser jovem?


Eles começaram a falar com a voz da alma, começaram a fazer música. O som era algo estranho, nunca ouvido, por mim. Eram batidas conhecidas. Era Rock com Bossa Nova! Era incrível.

(continua)

Katiuscia Mizokami

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