
São poucos os filmes, os quais são capazes de nos acolher em suas tramas e enredos, quando isso acontece é comum que seja em gêneros como drama, ou suspense. A datilógrafa, entretanto, é plenamente capaz de repercutir em nossos âmagos e ao mesmo tempo ser uma estonteante comédia francesa. Ao longo do filme, os clichês ondulam e se mostram, no entanto, e contradizendo toda a teoria cinemática, eles colaboram para a ótima qualidade do filme, em fato, há o desejo pulsante e permanente para eles acontecerem e continuarem no decorrer da história.
Essa, por sua vez, é de enredo simples, sem muitas diversificações a tantas outras, contudo, é extremamente bem executada, dirigida e editada, além de tudo isso, possui uma fotografia linda, artística e elaborada, com cenários e artefatos reais e condizentes com a época vigente na obra (provável final da década de 50 e começo de 60).
Rose Pamphy (interpretada por Deborah Françóis), completa 21 anos e está destinada a se casar com o filho do mecânico e se tornar uma dona de casa profissional, como muitas outras de seu tempo. No entanto, rejeita esse futuro e consegue um emprego como secretária do agente de seguros, Louis (Romain Duris). Apesar de ser péssima no serviço é efetivada por conta de sua habilidade de datilografar, incomumente ágil e diferenciada. Louis, então, enxerga nisso um potencial para competições de que tanto gosta, assim a inscreve em diversos eventos da datilografia, e paralelamente, treina a jovem em ritmo quase balboense para as próximas disputas.
O filme possui produção moderna e tecnológica, no entanto, o diretor Régis Roinsard optou por executá-lo como algum dos clássicos cinquentistas. Desta forma, os ângulos de filmagem, atuação, caracterização, sonoplastia e sonoridade – alias, esta é impecável e incrível, com destaque para a ótima cha cha cha – são todos baseados no estilo de filmagem clássico, resultando em um trabalho lindo e muito interessante.
Gustavo Minho
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